É simplesmente a disciplina mais importante das nossas vidas e que infelizmente não nos é ensinada no seio familiar ou nas escolas. Talvez a razão disso seja um tal esquecimento. Esquecemos tão facilmente algumas partes da nossa história como nossos traumas e aspectos depreciativos, até como forma de defesa. Nos afastamos do que nos machuca ou machucou, isso faz parte do instinto que protege a vida. É saldável, mas é instinto e, portanto, é inconsciente. E se é inconsciente não atuamos sobre ele, mesmo assim, somos afetados por dele. (Atenção: apenas o nosso consciente esquece, mas boa parte das nossas lembranças permanecem para sempre no nosso inconsciente).
No intuito de nos afastarmos do que nos machuca, acabamos também nos afastando daquilo que nos salva. Como uma criança que foge a todo custo de tomar uma injeção. A vacina do autoconhecimento pode ser amarga, mas é o antidoto que nos protege contra a anulação, a submissão e o vitimismo.
Vivemos as consequências das nossas escolhas
O autoconhecimento mostra de quem é a responsabilidade do que acontece na nossa vida. E que somos autores da nossa própria história, e que embora muitas pessoas prefiram não agir, essa escolha também traz consequências. E que não há como fugir: vivemos as consequências das nossas escolhas. Delegar uma decisão a outra pessoa é também decidir.
Estudando sobre nós aprendemos que somos livres, absurdamente livres, muito mais do que imaginamos. Mas nem sempre estamos preparados para lidar com essa liberdade, talvez por isso, inconscientemente, nos prendamos a tudo que nos mantem seguros, a tudo que nos transmite estabilidade. Porque estabilidade gera previsibilidade e, previsibilidade nos dá segurança. No fundo o que queremos é segurança. Também aprendemos que tudo bem se prender, é importante se sentir seguro. Mas mais importante é escolher, estar ciente de que estar preso é uma opção.
A liberdade é um estado de consciência
Então, o autoconhecimento liberta ao mostrar que somos livres, absolutamente livres. E que temos sombras em nós, sim, mas que também temos muita luz e quando nos estudamos, nos escutamos, aprendemos a usar essa luz como tocha para iluminar as sombras. Conhecer nossas sombras faz o medo cessar; o desconhecido na luz já não pode assustar. Foram tantos sábios a falar “Conhece a ti” e o que a gente mais vê são pessoas sem saber se descrever, sem conhecer seus sonhos e sem consciência do que lhes causa angústia, pessoas que não aprenderam a bailar com um sentimento.
Aprender a sentir é aprender a fluir
Sabe, às vezes um sentimento vem nos tirar para dançar e, como dizem na minha terra, “não pode dar carão”, tem que aceitar e dançar até cansar, até saber como é dançar com aquele cara, até entender que ele é só mais um sentimento que faz você se mexer, que mexe com você e vai embora, e passa.
Negligenciar o autoconhecimento é se afastar de encarar aspectos ruins da nossa personalidade, que não queremos ver porque gostaríamos que não existissem. Mas existem, nos compõem e podem estar sendo o sustentáculo dos aspectos que mais gostamos em nós.
Conhece a ti
Conhece a ti?
Quanto do teu gosto é convenção?
Da tua atitude é reprodução?
Da tua dor é pura ilusão?
Conhece a ti
Quando te vês como és,
Sem projeção ou comparação,
Sem a vitimização de um estereótipo.
Com só prazer e sem pesar.
Em pensar que nasceste pra ser quem és
E só te vejo buscar em outro lugar a resposta que só existe aí, dentro de ti.
Mas eu posso te ajudar.
Vou te ensinar a sentir a vida pulsar dentro e fora de ti.
Vem me encontrar sempre aqui, no espelho.
Patrícia Krüger
